Espirro, gripe, coriza
Sinusite, rinite, dor de cabeça
Tomar remédio? Esqueça!
Prefiro enfrentar o vento sem camisa
Seis, sete, oito graus... não passa do nono
Bate um forte frio interno
Calma, nem chegou o inverno
É apenas o nosso outono
quinta-feira, 31 de maio de 2007
Do frio que bate
Autor: Raphael Alves às 00:49 6 comentários
segunda-feira, 28 de maio de 2007
Labirinto gramatical
Bom dia, boa tarde
Como vai, vossa excelência?
Hífen na metade
No fim, só reticências
Ando bem substantivo
Um pouco preposição
Um tanto adjetivo
Puramente conjunção
Estou perplexo
Mas que absurdo!
Nada circunflexo
Tudo muito agudo
É que o período simples
Tornou-se composto
Meio vocativo
Extremamente aposto
Foi uma vírgula, frase separada
Hora da exclamação
Ponto final? Que nada!
Olha o tamanho da interrogação
Autor: Raphael Alves às 00:48 6 comentários
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Palavras de um adeus
Por quê? Por quê?
Por que te vais?
Desculpa-me, não desejo pressionar-te
Mas ver-te partir dói demais
Quantas confissões fiz a ti?
E quanto mais sobre mim escreveste?
Seguraste minha mão nas horas difíceis
E nas fáceis assim permaneceste
E agora tens que ir...
Descrevemos o sol na noite
E contemplamos a lua de dia
Até a chuva prometeste que para nós tomarias
Desentendimentos, sim!
Até riscaste meu rosto
Mas deixei-te cair várias vezes
Apaga de ti este desgosto
Aqueceste-me com tuas palavras
Mas confesso, nem agora vou mentir
Procurarei em outras a tua companhia
E coisas novas do dia-a-dia
Mas jamais me esquecerei de ti
Estarás em cada passo que eu der
Em cada brisa que vier
Serás sempre única
Pois foste a única a descrever meu silêncio
Mas não entendo por que vais...
Perdoe-me, cá estou de novo
Não quero pressionar-te ainda mais
Basta a tal da gravidade
Pressionando-te contra esta superfície
Forçando-te a dizer mais uma dolorosa verdade
O tempo passa para todos e tudo
Passou para ti e para mim
Mas ainda vale o que chorei e o que sorri
Vai agora, descansa
A tinta que acabaste comigo faz deste adeus algo tão doloroso
Mas vai, sem mágoas
Pois cada palavra que disseste
Sobre o hoje, o agora
E uma tal de vida inteira
Faz valer ainda mais o silêncio que de ti se aproxima
Adeus, minha amiga, agora vazia, caneta tinteira
Autor: Raphael Alves às 11:55 5 comentários
terça-feira, 22 de maio de 2007
Cheio de sem tempo
Não tenho tempo
Tempo é ilusão
Paro o tempo no relógio
Tenho tempo em minhas mãos
Não tenho tempo
Foi só uma distração
Perdi a tal da hora
Tempo é invenção
Não tenho tempo
E já me acostumei
Não necessito andar depressa
Pois muitos tempos transpassei
Não tenho tempo
Escrever não é obrigação
É apenas o meu jeito
Um tempo a passar com a solidão
Não tenho tempo
Põe a panela no fogo
Estou escolhendo as cartas
Arrumei tempo para este jogo
Não tenho tempo
Traz meu jaraqui
Sou feito de outra matéria
Desconhecida para ti
Não tenho tempo
Vou marcar o terreno
Enxuga teus olhos
Umedece-os no sereno
Não tenho tempo
Esquece minha camisa
Vou sair amarrotado
Despreocupado com a brisa
Não tenho tempo
Meus sapatos causam-me bolhas
Preciso continuar andando
O tempo esquiva-se das escolhas
Não tenho tempo
Encontro algum para te dizer
Fizeste esta poesia
Apenas arrumei tempo para escrever
Não tenho tempo
Permaneço ocioso
Tu, curiosa?
Eu, orgulhoso
Não tenho tempo
Sou animal noturno
Tu, da Grécia, Atena
Eu, de Roma, Saturno
Autor: Raphael Alves às 01:35 8 comentários
domingo, 20 de maio de 2007
Maus lençóis
Lençóis, esses lençóis
Quantas lágrimas por teus bons lençóis?
Não me culpes por isso
Foste tu que me cobriste
Lençol, um lençol
Queres o teu de volta?
Não te julgo por isso
Não te cobri como deveria
Lençóis, outros lençóis
Estou mesmo em maus lençóis?
Não me deixes nessa dúvida
Pois já me deixaste passar a noite no frio
Autor: Raphael Alves às 02:55 2 comentários
terça-feira, 15 de maio de 2007
Poema da derradeira semana
Domingo, um calor, um olhar
Segunda-feira, um filme, um jantar
Terça-feira, uma noite, uma confissão
Quarta-feira, uma entrega, uma viagem
Quinta-feira, um doce regresso, uma contramão
Sexta-feira, o derradeiro sopro de felicidade
Sábado? Não sei, nem vi
Até meus óculos perdi
E fim desta inesquecível semana
Para mim e para ti
Autor: Raphael Alves às 13:50 4 comentários
Passo torto
Teus sapatos não me agradaram hoje
Mesmo não sendo os mesmos que me pisotearam
Preferiria ver-te descalça
Sentir teus pés gelados
Não é possível
E culpo minhas próprias sandálias
Cansadas de me equilibrar
E incapazes de me manter do teu lado
Arranco-as sem arrependimento, sem pudor
Massageio o asfalto quente
Dói e não te alcanço
Sigo-te de longe, passeio pelos campos
O fim deste texto diferente?
Talvez quando entregar-me a ti, meu descanso
Autor: Raphael Alves às 01:49 3 comentários