segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hora Marcada



Se vai singrar um barco em água escura
E quem sabe até... O próprio seio!
De um banzeiro que acerta em cheio
Volve em meio ao que é tontura

Quem sou para pedir conforto?
Se vais estar lá, talvez nem eu saiba
Talvez nem caiba
Quando meu barco deixar o porto

O que fazes por pensar
Em virtude da temperança
Não há motivos para chorar

Deixa as lágrimas guardadas
Para aquelas lembranças
que só chegam em horas marcadas

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cadeiras Vazias


As cortinas separam de mim
Era luz... Agora, escuridão
Não está no palco... Não!
Nem no camarim...

Saí por último do show
Queria aplaudir...
Mas não há ninguém aqui!
Pena que acabou...

Vejam! A peça acabou...
A tragédia de um amor vivido...
A comédia de falsas alegrias!

E hoje, que até já passou
na plateia, entristecido,
caminho entre cadeiras vazias

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sombra



Quem me dera ser de novo o que fui
ou o que achei ser um dia
Neto de Ruy...
Filho de uma Maria...

Mas agora sou sombra apenas
Que, no meio dum dia, vaga
E nas horas mais serenas
tanto aparece, que até se apaga

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Só uma tarde


Gostava de ti, ó Sol, atrás dos montes
Forte, altivo, sozinho
bronzeando horizontes
iluminando meu caminho

Gostava de ti, mas a noite que chegava
tão escura, tão fria
não avisou o quanto pesava
e maltratava o que fora um dia

O Sol... Outrora tão quente...
apagaram-no numa tarde caída
nem parecia de verdade...

Ah, o Sol! Antes tão contente!
sempre esteve em minha vida
pena que durou só uma tarde

sábado, 2 de janeiro de 2010

Perdido


Estás perdido, garotinho?
O que buscas aqui de madrugada
no meio do nada?
Pareces tão sozinho...

Tanto peso em teus ombros...
Por que te escondes?
Por que não me respondes?
O que há nesses escombros?

Se no silêncio há secura
No coração, resta a procura
de respostas num caminho

Mas como luar se és tão vespertino?
Como amar se és tão menino?
É... Estás perdido, garotinho...