terça-feira, 17 de novembro de 2009

O que toca o chão



Isso de mim que cai
num semblante de agora
move-se, fere, sai
Como pode se tão certo outrora?

Não cala, mas não diz
Num pedaço que se vai
como nem mesmo quis
É lágrima que cai

E não rima com a calma
É um chumaço de minh’alma
que não toca teu coração

E já que fazê-lo é tão difícil
que esta não morra num precipício
e encontre ao menos o meu chão

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Na beira do rio


Tanta coisa na beira do rio acontece
É o trabalho do canoeiro
É o casal namorando no outeiro
e um vento que abençoa como prece

E lá no rio é tanta corredeira
tanta pressa pra tanta solidão
É... Assim, sentada aqui no beiradão
até a vida passa a vida inteira

Até a tristeza passa num clarão
vai num barquinho de madeira
que de tão pequeno navega em vão

Navega perdido pelo entardecer
como esses olhos que, de alguma maneira,
fizeram este rio inteiro nascer