sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Soneto pela folia















Apenas porque são de carvões e cristais
saudosas fantasias...
Travestidas noites em dias
por estes e outros carnavais

Em meio a máscaras, um encontro fugaz
que, se pelo momento reinasse,
desenharia uma lágrima na face
e pela alma que ali jaz

Pois, como Pierrot, quisera eu a alegria
de desaparecer pelas esquinas
em travessuras de Arlequim

E neste soneto pela folia
que fosses Colombina
e teus versos, somente para mim

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Devoluta Tempestade





















É de tom plúmbeo o olhar
diante de amarga interjeição
que traz o núbil assimilar
entre loucura e perfeição

A precipitação que confesse
como há de enfrentar angústia assim
ao que o gáudio perece
armada com nuvens de silêncio sem fim

Ora, é esta chuva sobre a cidade
com gotas de tua lavra
que beija a fronte da ansiedade

E esta tempestade que não se aceita ilidida
resume-se a poucas palavras
dolorosas, porém, carinhosamente devolvidas

sábado, 5 de janeiro de 2008

Irrenunciável















Se de pedras e asfalto ao avesso
fazem-se essas ruas vadias
É em nuviosa melodia
que ao canto desapareço

Pelo tempo, o nosso apreço
inda maior seria
Se no fim da ventania
soprasse o recomeço

Com punhado de terra e água
misturados sorriso e mágoa
fez-se história de raiz forte

Contada à nossa maneira
com rimas de vida inteira
e capítulos para além da morte