quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Canção por uma lágrima


Choras por chorar... Por nada, por ninguém
e nestas doces lágrimas a ti invejo
pois chorar sem porquê é meu desejo
não apenas por sonhar, nem por não ter alguém

Choras por pureza... Um choro que apenas vem...
Cada lágrima um ensejo
Não derramo nada... Nem pelo que vejo,
nem por não amar, nem por não ter a quem

Cancioneiro, cancioneiro... Tua poesia jamais finda
Então, diz-me por que chorar!
Diz-me por que não chorei ainda...

Faz-me uma lágrima, mesmo que não seja linda...
Por que apenas por podê-la derramar
minha lágrima será bem vinda

domingo, 10 de agosto de 2008

Ao pai



Pai, onde estás, meu pai?
Aonde vais?
(Meu pai, que estás onde estás...)

Pai,
alimenta-me... Tenho fome...
(... desmistificado seja teu nome...)

Pai,
não encontro mais meus brinquedos
(... venham a mim os teus medos...)

Pai,
abraça-me, que sinto saudades
(... sejam desfeitas tuas verdades...)

Pai,
temo o que esta vida encerra
(...seja no céu, seja na terra...)

Pai,
cobre-me, que a madrugada é de ventania
(E o julgamento de cada dia...)

Pai,
não me mantenhas tão longe
(..nega-me apenas hoje...)

Pai,
de horas de silêncio tão intensas
(...aceita minhas descrenças...)

Pai,
jamais foste esquecido
(...como aceitei-me perdido...)

Pai,
não enxergo nesta escuridão
(... e não me falte tua mão...)

Pai,
Meu pai, do começo ao final
(...nem me leves a mal...)

Pai,
Que assim sejamos... Amém
(...ou além!)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Lídia e as orquídeas



Lídia, deixa-me sozinho
que provei das agruras dos fracos
bem distante quanto as estrelas em Draco
E era tão bom! E era teu ninho...

E, enfim, encontraria os delírios de Baco
em teus lábios de linho
Não, não era vinho...
Cheiravam a tabaco

Lídia, Lídia...
O que fizeste às orquídeas?
Pensei que fugiam...

E pensei que era sono
mas já era outono
e as folhas caíam...