sexta-feira, 20 de junho de 2008

Chorinho a dois





















- Amigo...
(- Diga o que há?)
- Preciso do teu ombro...
(- Você terá!)
- Meu lar está em escombros...
(- Você andou ausente...)
- É... Eu estou resignado...
São fantasmas do passado...
(- Tem que olhar pra frente!)
- Mas na vida se sofre no presente...


- Parceiro....
(- É com você!)
- Estou sem saúde...
(- Não posso crer...)
- Perdendo a juventude
(- Estamos, sim!)
- É... a alegria está aquém.
E eu não tenho mais ninguém.
(- Você tem a mim!)
- Liberdade pode ser ruim!


- Antônio...
(- Diga, José!)
- A moça me deixou...
(- Mantenha a fé!)
- E de nós nada restou...
(- Conte-me mais!)
- É... Acabou-se a lua-de-mel...
Hoje, o meu teto é o céu
(- Força, rapaz!)
- Solidão já não me deixa em paz...


- Amigo...
(- Vamos lá!)
- E isso no meu peito?
(- Já vai passar!)
- Do que é feito?
(- Da vida a dois!)
- Ah... Sinto-me tão sozinho...
Eu choro como um cavaquinho...
(- Vai curar depois!)
- Vamos juntos num chorinho a dois!


- Ei, amigo...
(- Qual é a idéia?)
- Passe-me o tablóide!
(- Notícia velha!)
- Que tal um Pink Floyd?
(- Uma boa idéia, afinal!)
- Ah... Já estive bem pior
Dentre os amigos, você é o melhor...
(- Já estou sentimental!)
- É... Amizade nunca tem igual...


(Uma singela homenagem aos amigos)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Gritar por gritar





















Queria gritar, mas já anoiteceu
e o mundo aqui dentro... bem, escureceu
Vão me faltando os lenços
e uma pedra para ferir o silêncio

Queria gritar só por gritar, mas gritar de um jeito
Pôr para fora do peito
aquilo que me arde
mas não posso... já é tarde... já é tarde

Mas, amanhã... amanhã, será diferente
Vou gritar bem cedo
Chega de ter medo!
Vou gritar um grito que conserte a gente...

domingo, 15 de junho de 2008

Obra de Deus





















Andei pensando e nem mais duvido...
Quem definiu felicidade
não fora feliz de verdade
havia apenas enlouquecido

Pensando e pensando depois de partido...
Tu que inventaste a saudade
agora diz-me a finalidade
que, para mim, não faz sentido

E os que se julgam tão esclarecidos
dizem, em tom de ironia:
- Meu jovem, delírios teus!

Não dou ouvidos...
Prefiro chamar de poesia
ou, simplesmente, “obra de Deus”

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quis um poema sobre a tristeza...





















Quis um poema sobre a tristeza
para descrever a noite de frio
e das cousas a natureza

Quis viver os dias com frieza
mas não estou vazio
ainda há gotas de pureza

Quis um momento de clareza
para viver arredio
para viver tanta beleza

Quis pensar sem tanta certeza
sobre a vida por um fio
sem palavras sobre a mesa

Quis escrever um poema com tristeza
mas não me deixou o rio
não me deixou a correnteza

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um soneto inevitável














Era só uma vaga lembrança
daqueles tempos incertos
de palavras de concreto
o sorriso de criança

E até quis ouvir estrelas
mas nesta vida de adulto
passam prédios, viadutos
e sequer podia vê-las

É preciso tempo para que se retome
quando as pessoas sequer têm nome
tudo é inexplicável

Fazia tempo, mas eu já sabia
que, como o pôr-do-sol de cada dia,
seria inevitável