Ora, vamos...
Sei que falareis
sobre os solos inférteis
narrados por Ramos
Sobre tais vidas secas
sobre sedes inglórias
não tenho provas, mas muitas memórias
histórias quixotescas...
Então para que ledes sobre cegueira e lucidez?
A loucura que se manifeste
em dias ardentes como chama
Pois quero mesmo a aridez
num sopro de vento agreste
que me devolva aos lábios secos do Atacama
sábado, 29 de março de 2008
Ensaio sobre a aridez
Autor: Raphael Alves às 16:03 15 comentários
sexta-feira, 21 de março de 2008
De ondes...
De onde a angústia vem?
Vem com o calor, ou como calafrio?
Vem pelo ar? Vem pelo rio?
Vem por que, quando e de quem?
De onde vem tal questão intransitiva?
Sem complemento...
A todo momento...
Solta em mim, à deriva
De onde vem o verbo a que me refiro?
Se antes de dizê-lo
já o retiro
Por que seguiu para o horizonte?
E já que não pude detê-lo
alguém me esconda... alguém me conte
Autor: Raphael Alves às 20:34 13 comentários
quarta-feira, 5 de março de 2008
Quase um soneto sobre o que não se soube dizer
Preciso de um verbete... apenas um
que tenha algo a falar
ou que ao menos sirva para completar
seja simples como um ‘oi’, ou um verbo incomum
Preciso de uma palavra para quebrar esse jejum
com a qual eu cansaria de dialogar
e também de alugar
sem chegar a lugar algum
Só preciso de uma palavra...
Uma palavrinha qualquer...
ou de um dicionário inteiro!
Uma que ilustre o que é
ser desta falta de palavras prisioneiro
(...)
Autor: Raphael Alves às 21:14 22 comentários
sábado, 1 de março de 2008
Diário de viagem
Houve muitos dias...
Muito mais que alegrias
escondidas na bagagem
desta curta e finita viagem
Houve fantasia...
Muito mais que poesia
escolhida numa triagem
para esta longa e infinita mensagem
E há este relicário
cujo valor imaginário
é o de um dia que fora eterno
Mas acaba em São João
e se todos verão
eu, humildemente, inverno
Autor: Raphael Alves às 19:01 12 comentários