quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Do que se tinha em mãos
















Já foram as cores tão desbotadas
E tudo o que prometo
Tantas as semanas passadas
Tomando a forma de um soneto

Se há nuvens no céu
Contemple-as enquanto lá estão
Não importa se numa folha de papel
Ou na nota desafinada da canção

Benditas as palavras poucas
E as vozes que soam roucas
Porque delas ainda dispomos

Mas foi-se o dia...
E foi-se a poesia...
E foi-se o tempo em que éramos o que somos

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Carta ao relógio





















Minutos escapam aos meus dedos
Inconstantes...
Trazem com sua partida os meus medos
Receios de um jovem errante

Se tenho de caminhar sozinho
Que seja no fim do ano
Deixo hoje em meu caminho
Apenas as pegadas do cotidiano

É hora de enfrentar novas batalhas
Vestir minhas armas, como sempre faço
Levantar e calçar minhas velhas sandálias

Se o relógio é Vivaldi, eu sou Beethoven
Ele insiste em trazer outras estações em seu sonoro compasso
Mas é aos meus passos, somente a eles que os tempos ouvem...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Pequenos versos para o céu...














Alcançar o céu, uma longa viagem...
Despedaçado da tentativa... hora de reunir o que restou
Sei que terei que atravessar o rio até a outra margem
Mas é em busca daquelas nuvens no horizonte que eu vou

Depois da travessia



Lá vem o velho canoeiro
Lembrando da terra em que foi garoto
Das vezes em que observou o bom humor do boto
Ele que remou o dia inteiro...

Líricas são suas redes de pescar
Trazem notícias e tantas novas histórias
Antigas virtudes, recentes glórias
Uma nova jornada para relatar

De tantas travessias, a mão calejada pelo remo
Suportou o vento e seu eloqüente açoite
Força que vinha da vida que deixou para trás

Ah, não poderia haver regresso mais sereno
Depois de mais uma solitária noite
Que estar de volta aos braços daquela que deixou no cais