sexta-feira, 18 de julho de 2008

Soneto da Partida










Partirei porque partirei
Assim, apenas! Não porque havias partido
E, deste estado a partir, até sei
que nenhuma partida faz sentido

Partirei não antes de novembro
mas que me leve o pensamento ao porto
de tão leve que, de pensar, nem me lembro
e de não lembrar que, ao partir, já esteja morto

Não parte em dezembro senão porque é janeiro
E, de tanto que não parti, já nem sei onde chego
E, de tanta água no rio, já vejo-me cego

Parte, hoje, o barco... parte por inteiro!
E talvez nem parta porque, de partida, me entrego
como lágrima de mágoa na imensidão do Negro